Geografia do Brasil

ÍNDICE

1. As marcas da sociedade no nosso meio ambiente
* Brasil do início da colonização ao século XXI
* Brasil no século XX
* Brasil no século XXI

2. As diversas formas de dividir o Brasil
* Conceito de regiões

* Domínios morfoclimáticos

* Macrorregiões geoeconômicas

* A região concentrada

* Regiões do IBGE

* Bibliografia

* Exercícios

As marcas da sociedade no nosso meio ambiente
BRASIL DO INÍCIO DA COLONIZAÇÃO AO SÉCULO XXI
A degradação ambiental no país começou após o seu descobrimento por Portugal e o inicio da colonização, com a extração do pau-brasil totalmente predatória; essa espécie florestal é considerada por muitos autores a primeira riqueza brasileira que sofreu a ação do homem, o que resultou no seu desaparecimento. Nos dias atuais o estado do Pernambuco, devido aos esforços do professor Roldão de Siqueira Fontes que criou a Fundação Nacional do Pau-brasil, possui a maior concentração desta espécie. A extração do pau-brasil em território do Brasil Colônia resultou em "lucros à vista, destruição a prazo". Em pouco tempo, o índio passou a perceber o real comportamento do homem europeu. Quando, por qualquer motivo, ele se recusava a realizar o trabalho desejado pelos europeus, estes apelavam para a violência e para o trabalho escravo. A exploração do pau-brasil não deu origens a núcleos coloniais fixos de ocupação e povoamento, uma vez que, realizada como atividade predatória, era nômade, deslocando-se pelo litoral à medida que a madeira ia se esgotando. Foram construídas apenas algumas feitorias - fortificações de caráter militar - em alguns pontos onde a madeira era mais abundante. Essas feitorias, construídas tanto por portugueses quanto por franceses, serviam para a defesa contra os concorrentes, contra ataques de tribos hostis e para o depósito das mercadorias.
Como toda atividade predatória, a extração do pau-brasil foi se tornando cada vez mais difícil devido à escassez das árvores, que passaram a ser encontradas somente de 10 a 20 léguas da costa. Já em 1530, em alguns locais do litoral, o pau-brasil se tornara escasso, embora o Brasil tenha continuado a exportar a madeira até o início do século XIX.
A exploração era bastante rudimentar, trazendo como conseqüência a destruição de grande parte de nossas florestas. Assim, com o descobrimento, iniciou-se também o desmatamento indiscriminado que ainda hoje ameaça nossa biodiversidade.
BRASIL NO SÉCULO XX
Em torno de 1599, ainda no período colonial, instalou-se a monocultura da cana-de-açúcar junto com o trabalho escravo negro e indígena advindos do Oriente, iniciando a implantação dos engenhos. A pecuária foi introduzida paralelamente a cana-de-açúcar, acentuando a instabilidade dos solos devido o pisoteio do gado. (MONTEIRO, 1991).
A "cana-de-açúcar" (Sacchaurum oficiaram L.) é uma planta originária da Ásia, onde ainda se pode encontrar espécies silvestres. Atualmente é cultivada em todas as regiões tropicais e subtropicais do planeta. A cultura foi adaptada em território brasileiro por Martin de Souza em 1530 (Belik, 1985).
Para Ramos (1991), foi o primeiro produto explorado comercialmente no Brasil e sempre esteve associado a um processamento manufatureiro que resulta no produto colonial procurado em larga escala pelas metrópoles: o açúcar. Além disso, sempre implicou a sua transformação no próprio local de implantação, conciliando assim a atividade agrícola e industrial.
Neste ambiente a cultura de cana-de-açúcar criou diferentes formas de relações entre os homens e destes com a natureza. Para Almeida (1990, apud Calazans, 1993), a história da agricultura confunde-se com a dilapidação dos recursos naturais. A atividade agrícola voltada à exportação, baseada na monocultura, pode ser considerada como degradação ambiental.
Ao longo dos tempos outros ciclos surgiram, tais como o do ouro, o do cacau, o do café e da borracha, que a exemplo do ocorrido com o ciclo da cana-de-açúcar, todos se basearam na exploração predatória em larga escala (BRASIL, 1999).
Nesta época a degradação não apresentava grande impacto à natureza e provavelmente não se configurando como um problema ambiental, nos termos como entendemos hoje. Em suma, o comportamento predatório do homem não é uma coisa recente, o que é novo são a proporção e extensão dos mecanismos de depredação, que vai desde o surgimento das lavouras de monocultura ate as armas nucleares (VIOLA, 1987).
BRASIL NO SÉCULO XXI
De acordo com Hogan (1992), com a revolução industrial ocorrida a partir do ano 1750 surgiram inúmeras cidades e a maioria delas sem nenhum planejamento, o que culminou em diversos problemas ambientais, presentes nos dias atuais como:
• Poluição atmosférica provocada por algumas indústrias;
• Ocupação urbana desordenada em áreas de preservação permanente, margens de rios e encostas, promovendo a deteriorização ambiental dos ecossistemas locais, tornando-os cada vez mais vulneráveis aos desastres naturais e acarretando danos sociais, econômicos, ecológicos, além de humanos.
• Assoreamento de rios e lagoas;
• Erosão do solo e desertificação;
• Grande desperdício de água e energia elétrica, que leva a humanidade a viver sobre a ameaça de escassez dos mesmos;
• Acúmulo de lixo urbano, atômico, industrial e ate mesmo espacial;
• Poluição do ar, do solo, da água e dos mananciais;
• Buraco na camada de ozônio, ampliação do efeito estufa e formação de chuva ácida;
• Uso de agrotóxicos na agricultura o que acarreta sérios riscos de saúde tanto para os trabalhadores como para a população que consome esses produtos;
• Perda da biodiversidade e da diversidade genética ocasionando um prejuízo irreparável para o campo da medicina.
• Proliferação no mundo da fome, desnutrição, violência, armas químicas e biológicas, guerras e criminalidade
A contração de renda e de riqueza no poder de poucos amplia as desigualdades sociais, criando um verdadeiro abismo entre ricos e pobres, ocasionando um crescente aumento de favelas totalmente insalubres, como as que existem em grandes capitais do nosso país (HOGAN, 1992).
O meio ambiente tem adquirido nos últimos anos grande importância por causa dos fatores globais, como o efeito estufa, a poluição atmosférica, o buraco na camada de ozônio e a perda da biodiversidade. Problemas ambientais locais tais como a degradação do ar, da água, do solo, do ambiente de trabalho e doméstico, têm impacto significativo na saúde dos seres humanos (PIGNATTI, 2003).
Desde a Antiguidade é evidente a preocupação com os efeitos na saúde, decorrente das condições ambientais. Assim sendo, essa preocupação sempre esteve presente nas diferentes práticas sanitárias, que foram criadas ao longo do tempo como respostas sociais as necessidades e aos problemas de saúde (FREITAS, 2003).
O aumento dos aglomerados urbanos reflete a busca, pela melhor qualidade das condições de vida da população, sendo a preservação da saúde humana um dos aspectos mais importantes relacionados à qualidade de vida. Assim, numa visão holística a salubridade ambiental urbana permite interliga fatores intervenientes na qualidade de vida e do meio ambiente (BATISTA, 2005).
As cobranças cada vez mais complexas da sociedade moderna vêm aumentado o uso dos recursos naturais, com ações altamente degradantes, resultando consequentemente em danos ambientais que colocam em risco a vida do homem no planeta. A partir do meio ambiente externo as pessoas podem adquirir, em certos momentos de suas vidas algum tipo de doença, sendo que estas têm em comum o fato de serem causadas, por algum agente etiológico presente no meio ambiente, e algumas possuem alta letalidade (PIGNATTI, 2004).
Diante disso Ribeiro (2004) p. 73 afirma que:
Através da história humana, os principais problemas de saúde enfrentados pelos homens têm tido relação com a vida em comunidade, por exemplo, o controle de doenças transmissíveis, o controle e a melhoria do ambiente físico (saneamento), a provisão de água e alimentos em boa qualidade e em quantidade, a provisão de cuidados médicos, e o atendimento dos incapacitados e destituídos. A ênfase relativa colocada em cada um desses problemas tem variado de tempo a outro, mas eles estão todos inter-relacionados, e deles se originou a saúde pública como a conhecemos hoje.
O Preço do Desenvolvimento / Progresso: E o Que Ainda da Tempo Mudar
A ambição do homem tem determinado, estilos de desenvolvimento que estabelece uma relação de exploração do homem pelo o homem e da natureza pelo o homem (MENEZES, 1996). Esse desenvolvimento tem se mostrado altamente predatório e injusto, feito a custa de riscos ambientais locais e até mesmo globais. Vivemos em um mundo capitalista onde o homem foi dominado por um pensamento econômico tendo como eixo norteador o utilitarismo, a produção e a competição. Com isso criamos uma sociedade totalmente desintegrada e desintegradora do meio ambiente (CAPRA, 1982), em que não se preocupou em estabelecer a viabilidade em longo prazo dos ecossistemas (VIEIRA & WEBER, 1996).
O que hoje é chamado de "crise ambiental" foi desencadeado por esse modo de pensar e agir da sociedade, incompatíveis com a sustentabilidade biológica, cultural, social e econômica. Essa crise não é considerada só um problema nacional, atinge também proporções internacionais.
Para modificarmos a presente situação em que nos encontramos em relação ao meio ambiente é preciso mudar o modo de agir, mais isso só conseguiremos se mudarmos nosso pensamento, que nos levará a uma mudança de paradigmas, passará do paradigma econômico para o paradigma ambiental, buscando um presente e um futuro mais promissor; um dos objetivos desse novo paradigma é a sustentabilidade do planeta terra (ROHDE, 1996). Sendo que sua construção se dá a partir de novas relações entre o homem, a natureza e a sociedade.
As soluções que não criam problemas futuros são consideradas viáveis (CAPRA & STEINDL-RAST, 1991), ações como o desenvolvimento de tecnologias ecologicamente corretas; economia que não vise somente os lucros; distribuição de riqueza e renda de forma justa; desenvolvimento sustentável e educação ambiental para a sustentabilidade (VILA VERDE, 1997), são exemplos de alternativas que a humanidade pode colocar em prática para mudar a realidade existente.
Doenças Emergentes e Infecciosas Decorrentes do Meio Ambiente no século XXI
O termo saúde ao longo dos anos vem sendo conceituado de diferentes formas, seja ela simplesmente a ausência de doenças ou até mesmo o significado da Organização Mundial de Saúde, que a define como um estado de completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças ou enfermidade (PIGNATTI, 2004).
O contíguo de doenças infecciosas é muito heterogêneo e a partir do meio ambiente, parasitas e agentes etiológicos vivo entram em contado com as pessoas, no qual inclui processos infecciosos agudos de alta letalidade como a raiva e crônicos como certas helmintoses intestinais. Doenças como a tuberculose, malária e a hepatite B ainda são causas de óbitos em varias partes do planeta. Mudanças no meio ambiente, a crise social, o crescimento econômico e o aparecimento da AIDS estão contribuindo para o reaparecimento de antigas doenças e para o surgimento de novas (SABROZA et al, 1995).
No ano de 1991 a nível mundial nove milhões de casos de tuberculose foram relatados, no Brasil a estimativa é que surjam por ano 129.000 mil casos da doença. Em regiões que supostamente a malária tinha sido eliminada a doença reapareceu e esta migrando para área em que a doença não existia anteriormente. Esse aumento esta atribuído o modo pelo qual a região da floresta amazônica foi ocupada pela construção de grandes usinas hidrelétricas, pela mineração, agropecuária e a abertura de rodovias que facilitou o acesso a região (WALDMAN et al, 1995).
Depois de quase um século a cólera reapareceu na América Latina, foram identificados no Brasil no período de 15 de abril de 1991 á 31 de março de 1996, 154.415 mil casos de cólera destes 141.856 foram notificados na região nordeste. O fato de o nordeste brasileiro, apresentar o número maior de casos reafirma as precárias condições de vida e ausência de infra-estrutura urbana na região (GEROMOLO & PENNA, 1999).
O mosquito transmissor da dengue o aeds aegypti, espalha-se pelo mundo de maneira alarmante, afetando milhões de pessoas, sendo que a forma mais grave da doença é a hemorrágica e a síndrome do choque. As condições de conservação e circulação do vírus estão intensamente associadas com densidade e disseminação dos vetores. As condições para a propagação dos vetores no meio ambiente são determinadas através das formas de organização dos espaços urbanos, o modo de vida das pessoas e sua integração com o meio ambiente (PIGNATTI, 2004).
AS DIVERSAS FORMAS DE DIVIDIR O BRASIL
CONCEITO DE REGIÕES
Uma região pode ser qualquer área geográfica que forme uma unidade distinta em virtude de determinadas características. Em termos gerais, costumam, mas não necessariamente, ser menores que um país.
Na União Européia, por exemplo, o território está dividido em NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos), que em alguns países vieram substituir algumas das subdivisões tradicionais dos territórios nacionais.
A divisão e administração territorial diferem, de facto, de país para país, concretizando-se segundo políticas próprias e tendo em conta particularidades geográficas, étnicas, históricas, econômicas, ecológicas, entre outras.
As unidades da federação são agrupadas em regiões com o propósito de ajudar as interpretações estatísticas, implantar sistemas de gestão de funções públicas de interesse comum ou orientar a aplicação de política públicas dos governos federal e estadual. As regiões, mesmo quando definidas por lei, não possuem personalidade jurídica própria, nem os cidadãos elegem representantes da região. Não há, portanto, qualquer tipo de autonomia política das regiões brasileiras como há em outros países.
Os estados brasileiros são agrupados em cinco regiões geográficas: Centro-Oeste, Nordeste, Norte,Sudeste e Sul.
Essa divisão tem caráter legal e foi proposta, na sua primeira forma, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. Além da proximidade territorial, o IBGE levou em consideração apenas aspectos naturais na divisão do país, como clima, relevo, vegetação e hidrografia; por essa razão, as regiões também são conhecidas como "regiões naturais do Brasil". Há uma pequena exceção com relação à região Sudeste, que foi criada levando-se parcialmente em conta aspectos humanos (desenvolvimento industrial e urbano).
Há também uma outra forma de regionalização não-oficial criada por especialistas em geografia, na qual o Brasil é dividido em três complexos geoeconômicos, chamados de Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. Essas regiões não se baseiam em fronteiras mas sim os aspectos histórico-econômicos.

Domínios morfoclimáticos

Uma grande dificuldade quando se pretende dividir um território em paisagens naturais é que os limites dos seus elementos em geral não se coincidem.

Assim, em determinado compartimento do relevo nem sempre o clima ou a vegetação são semelhantes em toda a sua extensão, como por exemplo, o planalto. E determinado tipo de clima pode abranger um planalto e uma planície, bem como vários tipos de vegetações.

Esse problema pode ser resolvido em áreas de transição, faixas de terra em que não há homogeneidade dos elementos naturais, há a presença de elementos de conjuntos diferentes, ou seja, há áreas em que ocorre certa semelhança, em toda a sua extensão, do tipo de clima, relevo, hidrografia, vegetação e solo.

Outra dificuldade para dividir um território em paisagens naturais é o fato de não existir nenhuma regra geral para isso. Não há nenhum elemento determinante a partir do qual se defina todo o conjunto. Antigamente, costumava-se considerar o clima (ligado às latitudes) como determinante, dividindo-se as paisagens naturais do globo em zonas tropicais, temperadas, subtropical e etc.

De vez em quando, outro elemento da paisagem natural, principalmente a vegetação ou em alguns casos o relevo, é mais importante que o clima para explicar o conjunto.

O clima não é mais estudado como dependente apenas da latitude, mas principalmente da dinâmica atmosférica, da ação das massas de ar. Temos como exemplo a caatinga e o clima semi-árido no sertão nordestino ou a cobertura florestal da porção litorânea do país, desde o nordeste até o sul.

Por causa disso, não se usa mais, mesmo para o Brasil, o termo zona e sim domínio – conjunto natural em que há interação entre os elementos e o relevo, clima ou vegetação, que são determinantes.

Macrorregiões geoeconômicas

O Brasil é dividido em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, além disso, o país também é regionalizado em três macrorregiões econômicas: Centro-Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás), Nordeste (Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Maranhão) e Amazônia (Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá, Rondônia, Amazonas, Acre e Roraima).

Cada macrorregião possui características distintas devido a vários fatores, como história, desenvolvimento, população, economia.

A região Centro-Sul, de todas as macrorregiões, é a mais desenvolvida, não só economicamente, mas também em indicadores sociais (saúde, educação, renda, mortalidade infantil, analfabetismo entre outros).

Apresenta uma economia dinâmica e diversificada em atividades, que varia desde a indústria de base até tecnologia de ponta, grande parte das indústrias está estabelecida nesse complexo, a malha urbana é complexa e interdependente, a agropecuária em geral apresenta elevado índice tecnológico, além de contar com um grande setor terciário (prestação de serviços, mercado varejista, etc.), infra-estrutura de transportes superior às demais áreas e um amplo sistema de telecomunicação (emissoras de TV, telefone fixo e móvel, internet, entre outros).

A macrorregião da Amazônia abrange praticamente todos os Estados com cobertura vegetal amazônica. Nas últimas décadas o Norte, como um todo, vem sofrendo grandes alterações em sua paisagem natural. Essa região ainda é pouco povoada e a atividade industrial é restritamente desenvolvida, de uma forma geral todos os Estados que compõe a macrorregião são desprovidos de infra-estrutura e serviços sociais, como acesso à educação, saúde, segurança, emprego, transportes e muitos outros, até por que nessas áreas há uma enorme ausência do estado, e muitas vezes, como no Pará, o poder é centrado nas mãos de grandes fazendeiros e madeireiros que agem segundo os seus interesses, por conta própria e na base da força.

A ocupação sem planejamento e presença do Estado contribui para o surgimento de impactos profundos no ambiente, no qual os principais agentes de devastação são a extração de madeira, extração de minérios como o garimpo e principalmente a crescente expansão de áreas agrícolas e pastoris.

No Nordeste o clima, em grande parte, é composto pelo clima semi-árido, principalmente no sertão e no agreste. Essa foi uma das áreas mais exploradas no período colonial, pois o nordeste do Brasil foi explorado durante muito tempo com destaque para a produção do açúcar utilizando de mão-de-obra escrava, os fatores coloniais geraram uma herança marcada por sérios problemas estruturais, econômicos. As concentrações de terras e a hegemonia da elite no poder foram alguns dos fatores da elevada desigualdade social.

Apesar das adversidades a partir dos anos 80 as principais cidades nordestinas (Salvador, Recife e Fortaleza) e outras micro-regiões conseguiram se elevar economicamente, destacando os setores do turismo, indústria e agricultura de precisão.
Recentemente algumas áreas do Brasil tiveram acesso a investimentos por parte do Governo Federal e capital estrangeiro, os recursos arrecadados serviram para melhorar os serviços sociais e infra-estrutura de transportes e comunicação, permitindo que o desenvolvimento alcançasse áreas do Nordeste e Amazônia isoladas, dessa forma atingiram prosperidade.

Em suma, à medida que novas áreas se inserem no contexto da economia nacional e mundial, as fronteiras das áreas econômicas regionais são reformuladas.

A região concentrada
É muito comum conceber a regionalização do território brasileiro a partir da divisão estabelecida há décadas pelo IBGE, que supõe 5 regiões (Norte, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul), no entanto, essa subdivisão do espaço nacional serve mais para fins estatísticos do que para expressar a complexa realidade territorial do Brasil contemporâneo.

Hoje é possível identificar uma grande diversidade de regiões, como a fronteira agrícola na Amazônia; o vale do São Francisco, que está se tornando uma grande e moderna área produtiva; as regiões metropolitanas e suas áreas de influência com produções agrícolas e industriais específicas; as regiões do agronegócio com as especializações produtivas, entre tantas outras realidades regionais que se relacionam a estas ou a outras regiões de outros países, como vem ocorrendo no sul do país com a integração promovida pelo Mercosul (ainda que por ora não seja tão intensa a integração).

Uma diferença básica que há entre o território brasileiro no século 21 e o de décadas atrás, quando foram estabelecidas as atuais regiões do IBGE (em 1970) é a densidade e a qualidade das redes, das redes técnicas. Atualmente, o país tem uma densidade de redes materiais como rodovias, ferrovias, hidrovias, sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, gasodutos etc. em quantidades muito superiores às do passado – e que estão em acelerado crescimento. Isso a despeito da precariedade encontrada, se essas redes forem comparadas a padrões de outros países. Além disso, hoje há algo inédito em relação a 1970: as redes imateriais, isto é, aquelas formadas pelos sistemas orbitais (satélites) e cabos de fibra ótica, por onde flui uma quantidade expressiva de informações (que podem ser dinheiro, ordens, comunicações pessoais e empresariais etc.).

Neste plano de aula, vamos analisar a chamada região concentrada, região brasileira onde a densidade desses dois tipos de rede é a maior do território brasileiro.

Originalmente, a noção de região concentrada foi criada por Milton Santos e Ana Clara Torres Ribeiro em 1979, abrangendo o estado do Rio de Janeiro, o sul do Espírito Santo, o sul de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e, mais tarde, partes do Mato Grosso do Sul. Desde então, muitos estudos foram realizados sobre essa região e hoje vemos essa área tem uma densidade de redes técnicas ainda maior: 1. Esse é o caso das redes materiais e 2. Principalmente, da densa rede imaterial, quase inexistente quando a denominação região concentrada foi proposta.

Outro fato que chama a atenção é que essa área concentrada está se expandindo em manchas, isto é, verifica-se essa mesma densidade de redes em outras áreas do território brasileiro, mas não de modo contíguo à região concentrada e, em grande medida, isso se deve à forte expansão do agronegócio no território brasileiro. Então, também há áreas no Mato Grosso, em Goiás, no sul do Maranhão, no Piauí e no oeste da Bahia onde a tecnificação do território se assemelha, guardadas as proporções, da região concentrada. Como essas manchas não estão desconectadas (ou isoladas), porque é de sua constituição a forte presença de tecnologias de ligação, pode-se afirmar que essas manchas conectadas uma as outras formam uma espécie, elas mesmas, de rede geográfica de lugares espaciais, bem diferentes do seu entorno.

Em contraste com a regionalização do IBGE, há essa noção de região concentrada. Ao contrário da primeira, que já se formulou há quatro décadas, a segunda é dinâmica, pois dá conta do processo de expansão que vem transformando as realidades regionais aceleradamente, com o crescimento das redes materiais e imateriais (conforme foi dito acima), atraindo um grande volume de empresas nacionais e estrangeiras, fomentando um crescimento urbano significativo. Com base nisso, é possível debater sobre o aspecto dinâmico do espaço geográfico e da região.

Agências bancárias
Região concentrada: 13.745 (07 estados)
Brasil: 18.358 (27 estados)
Fonte: Febraban, abril/2008

Telefones fixos
Região concentrada: 31.278.565 (07 estados)
Brasil: 41.949.390 (27 estados)
Fonte: Anatel, fevereiro/2008

Telefones celulares
Região concentrada: 78.749.996 (07 estados)
Brasil: 124.122.479 (27 estados)
Fonte: Anatel, fevereiro/2008

Ferrovias
30.101 vagões incorporados no sistema ferroviário entre 1997 e 2006
(Salta de 20 aquisições em 1997 e sobe para uma média de 7.000 vagões a partir de 2004)
1.174 locomotivas incorporados no sistema ferroviário entre 1997 e 2006
(Salta de 10 aquisições em 1997 e sobe para uma média acima de 230 locomotivas a partir de 2004 com frota atual de 2.515 unidades)
O volume transportado salta de 250 milhões de toneladas em 1997 para 404 milhões de toneladas em 2006 A maior parte deste volume localiza-se na região concentrada
Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – ANTF

Rodovias
1,6 milhão de km de rodovias A maior parte deste volume localiza-se na região concentrada Fonte: Geipot, 1999

Embora a região concentrada detenha a maior parte das infraestrutras do país (as redes materiais e imateriais) e conseqüentemente a maior parte dos investimentos públicos e privados.
Regiões do IBGE

As Regiões do Brasil são uma divisão que tem caráter legal e que foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. O IBGE levou em consideração apenas aspectos naturais na divisão do país, como clima, relevo, vegetação e hidrografia; por essa razão, as regiões também são conhecidas como "regiões naturais do Brasil". Há uma pequena exceção com relação à região Sudeste, que foi criada levando-se parcialmente em conta aspectos humanos (desenvolvimento industrial e urbano).
Cada um destes grupos é uma região, e as regiões brasileiras são:

1 • Centro-Oeste
2 • Nordeste
3 • Norte
4 • Sudeste
5 • Sul

Região Centro-Oeste, que compõe-se dos estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. Possui um território de 1 604 852 km² (18,9% do território nacional). Sua população é de cerca de 12 milhões de habitantes.
Região Nordeste, que compõe-se dos estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Possui um território de 1 556 001 km² (18,2% do território nacional), dentro dos quais está localizado o Polígono das secas. Sua população é pouco superior a 50 milhões de habitantes.
Região Norte, que compõe-se dos estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins. Possui um território de 3 851 560 km² (45,2% do território nacional), e uma população pouco superior a 14 milhões de habitantes – o que faz dela a região com menor densidade demográfica.
Região Sudeste, que compõe-se dos estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui um território de 927 286 km² (10,6% do território nacional). Sua população é de cerca de 77 milhões de habitantes.
Região Sul, que compõe-se dos estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possui um território de 575 316 km² (6,8% do território nacional) e sua população é de mais de 26 milhões de habitantes.
Os limites das regiões sempre coincidem com limites de estados, não havendo estados que se espalhem por duas regiões.
A área correspondente ao estado de Tocantins (integrante da região Norte), por ter sido originária do desmembrado de Goiás (Centro-Oeste), foi a última alteração na delimitação das regiões brasileiras.
Atualmente, muitos geográfos e cientistas sociais preferem a divisão geoeconômica proposta por Pedro Pinchas Geiger em 1967, que leva em conta os aspectos naturais e humanos. Essa divisão consiste de três regiões e suas fronteiras não coincidem com as fronteiras estaduais, a saber: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste.

Bibliografias:
pt.wikipedia.org/
www.alunosonline.com.br/.../dominios-morfoclimaticos
pt.wikipedia.org/wiki/Regiões_do_Brasil –
revistaescola.abril.com.br/...pedagogica/regiao-concentrada-territorio-brasileiro-427143.shtml
www.cursoaprovacao.com.br/pesquisa/provas/UEL/.../ipardes_geografo.pdf


EXERCÍCIOS

1. Qual a principal atividade econômica no Brasil logo após a chegada dos colonizadores portugueses?
Extração do Pau Brasil

2. Quais as bases da economia brasileira no século XVIII?
Extração do ouro ou mineração

3. De Que maneira surgiram as principais cidades do Brasil?
A procura de metais preciosos levou os portugueses a ultrapassarem a Serra do Mar, pelo antigo caminho indígena do Peabiru e em 1554, no planalto existente após a Serra do Mar, é fundada a vila de São Paulo de Piratininga pelos jesuítas liderados por Manuel da Nóbrega.
Visando evitar a ocupação por um grupo de colonos franceses, assegurando a posse do território para a Coroa Portuguesa, em 1 de março de 1565, foi fundada a cidade do Rio de Janeiro, por Estácio de Sá, vindo a constituir-se, por conquista, a Capitania Real do Rio de Janeiro.
Explique porque a lavoura de café foi importante para o desenvolvimento econômico da Região Sudeste do Brasil?
Foi importante por que havia uma maior Concentração do poder político e econômico na região, um aumento do desenvolvimento industrial e urbano, a imigração européia para as lavouras de café e indústrias,
a construção de ferrovias para escoar a produção de café do interior de São Paulo para o porto de Santos.

5. O que é região natural?
Região natural - Porção do território identificada a partir de elementos do meio físico. Na atualidade, as bacias hidrográficas têm sido o principal elemento do meio físico utilizado na prática de divisão regional.

6.Diferencie macrorregião mesorregião e microrregião?
Macrorregião é a designação genérica para quaisquer grandes agrupamentos regionais que envolvam os territórios dos estados ou de parte deles.
Mesorregião é uma subdivisão dos estados brasileiros que congrega diversos municípios de uma área geográfica com similaridades econômicas e sociais. Foi criada pelo IBGE e é utilizada para fins estatísticos e não constitui, portanto, uma entidade ou administrativa.
Microrregião é, de acordo com a Constituição brasileira de 1988, um agrupamento de municípios limítrofes. Sua finalidade é integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum, definidas por lei complementar estadual.
Entretanto, raras são as microrregiões assim definidas. Conseqüentemente, o termo é muito mais conhecido em função de seu uso prático pelo IBGE que, para fins estatísticos e com base em similaridades econômicas e sociais, divide os diversos estados da federação brasileira em microrregiões.

7. Leia as frases. Em todas elas existem erros. Corrija-as e reescreva-as com as correções que você fez.
a) O IBGE dividiu o Brasil em quatro macrorregiões :Norte, Sul, Leste e Oeste.
b) A Região Norte é a maior Região do Brasil em área territorial.
c) A Região Sul é a que apresenta o maior número de estados.
d) A Região Centro-Oeste é formada por dois estados: Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.

Respostas: Frases corrigidas.
a) O IBGE dividiu o Brasil em cinco regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul.
b) A Região Norte é a maior Região do Brasil em área territorial.

c) A Região Nordeste é a que apresenta o maior número de estados.

d) A Região Centro-Oeste é formada por três estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal

Postagens mais visitadas